Atenção e o Tempo

Por que ouvimos todas as pessoas dizendo: “Não tenho tempo para mais nada”

A mim me parece que este Tempo que as pessoas estão se referindo, não é o tempo natural, orgânico, mas sim o tempo da máquina, acelerado pela evolução da era industrial e artificialmente contado e controlado para remunerar o trabalho das pessoas.

Este “Tempo Máquina” tornou-se padrão para a nossa sociedade e com o avanço das tecnologias da aceleração desenfreada, nos sentimos cada vez mais desconectados da realidade e separados da natureza e dos outros seres do planeta, que vivem o “Tempo Orgânico”. Esta sensação é tão forte e presente que chegamos a afirmar que o dia não tem mais às 24 horas.

O tempo orgânico, diferentemente da máquina, é o tempo do Jardineiro, que prove os meios e aguarda até colher os resultados, ele prepara a terra, planta a semente, rega e espera que o processo natural de florescer, lhe de os frutos desejados.

Sem angústia, a natureza foca sua Atenção no processo e obtém os resultados ao seu tempo, nós queremos ser como as máquinas e focamos nossa Atenção no resultado e o tempo decorrido no processo é visto como um problema. Por exemplo: quando entramos no nosso carro, para ir a algum lugar, imediatamente já estamos lá, como se fosse tele-transporte, e o tempo decorrido no processo (trajeto) não é vivido, sendo visto como indesejado e inoportuno, o transito então passa a ser algo insuportável, pois ele nos traz a real dimensão de nossa condição natural.

Se focamos nossa Atenção apenas no resultado, o processo e as pessoas perdem a importância e dispomos de todos os meios, para alcançar os fins desejados. Aceleramos ao máximo e descartamos, logo a seguir, todas os insumos utilizados, incluindo o próprio resultado, que logo deve ser refeito ou substituído.

Este processo de consumo e descarte, desenfreado, esta acabando com os recursos do planeta e distorcendo o tempo, uso sempre a força representativa das imagens de “Relógios Derretidos”, de Salvador Dali, como imagem para esta situação, para mim, parece que Dali quis mostrar que o tempo acelerou tanto, que os relógios derreteram pelo aquecimento, não sei se realmente esta foi a sua intenção, mas como a obra pertence a quem a observa, eu me dou a liberdade interpretativa.

É possível reverter ou amenizar esta sensação de aceleração do tempo?

Sim, o caminho é colocar nossa Atenção no “Momento Presente”, mas isto já ouvimos muito, porem o que proponho é focar no processo, se fizer isto com afinco, posso chegar a ter a experiência de parar o tempo; na nossa consciência não existe o tempo contado pelo relógio e sim à sensação de sua passagem; porem o que passa, neste caso, somos nós e não o tempo, daí afirmar que viver é estar atento a cada instante, aproveitando o momento presente.

Na nossa consciência o tempo é sempre relativo ao Observador (Atento); por exemplo: os tempos passado, presente e futuro, são todos vividos simultaneamente e de forma aleatória e difusa; não vivemos dentro de nós o processo linear da máquina, mas sim o processo cíclico do orgânico, e quando sentimos a sensação de acelerar os pensamentos, sentimos um grande desconforto e desconexão.

Exercício: Experimente contar o tempo dentro de você, marque no relógio o início de um minuto, feche os olhos e controle mentalmente a passagem deste minuto, quando achar que acabou, olhe o relógio; possivelmente você terá uma surpresa, caso você esteja ansioso o seu minuto deve ter sido menor que o do relógio, mas se estiver calmo e relaxado, deverá obter um minuto maior; é isto que ocorre quando temos muitas tarefas a fazer, a sensação é que o tempo encolhe, e ele realmente diminui, pois estamos ansiosos para cumprir tudo, focamos nos resultados e não vivemos o nosso processo.

Todos nós queremos ter mais tempo, para viver, para amar, para trabalhar, enfim, o tempo é uma grande riqueza, se pudermos, de algum modo multiplicá-lo, seremos então cada vez mais ricos.

A Atenção é a chave para o resgate do tempo, através dela nos conectamos a nossa natureza e o tempo externo deixa de ser um limitador; a cada tarefa, eu desafio o tempo com a minha Atenção e vivo dentro de mim, de forma relaxada e produtiva, o meu próprio tempo.

Um instante de Atenção Plena, pode valer por horas de Desatenção!


Poder, Amor e Criatividade em Equilíbrio, na busca da Vida Boa.

Grato pela Atenção.

Roberto Angelelli, Palestrante e Consultor do MVA Movimento de Valorização da Atenção.

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